sábado, 11 de setembro de 2004

DURANTE O ANO DE 2004/2005.

A HISTÓRIA COMEÇOU…


No decorrer do mês de Setembro do ano de 2005, após pequenos trabalhos em anos anteriores, com relevância para o “Ciclo do linho” no ano 2001, e chamadas de atenção, que envolviam um projecto crescente digno de registo, por solicitação do presidente da Junta de freguesia de então, levou ao incentivo da criação de um grupo com intenções futuras de memórias da freguesia.
Sendo um grupo apaixonado pelo passado, natural da freguesia de Novelas reuníamos com intenções de que fosse possível recrear a história, de uma forma isenta e onde desse oportunidade a todos os jovens e crianças da freguesia, uma vez que as instituições ao longo dos últimos anos se tinham virado para a prática do individualismo.
Diria que foi como a revolução Industrial no século XVIII, “Pela primeira vez Novelas na televisão” fez não das crianças, mas dos pais das crianças como um milagre.
Queriam ver os seus filhos na televisão.
Mas fazer pouco e com qualidade era o nosso lema, que contrariava fazer muito e sem qualidade, sabíamos que o público se tinha tornado exigente e deveria-mos dedicar um maior empenho ás iniciativas.
Luís Crespin apoiou a ideia, os olhos grandes e azuis sorriam mesmo com a chuva que caia.

       Era mais ao menos da nossa idade e dizia “Sou de Amarante e foi lá que comecei a vender fruta, com o meu pai”, recorda, apesar de vir para novelas após se ter casado nunca perdeu o gosto pela rua. “Chegou uma altura em que comecei a vender castanhas com um fogueirinho e um assador de barro”.



Parecia termos o fundamental, juntar Fernando Leal e um grupo de Jovens seleccionados no dia 21 de Maio na Junta de Freguesia, para desempenhar papéis nestes trabalhos, tinha sido um objectivo conseguido.
Para o Luís apesar de não ser um negócio, assim como para qualquer outro eram recompensados com a oferta do trabalho, e alguns mimos que não tinha quando “o negócio”, acrescenta, “estava a correr muito mal, principalmente de há dois anos para cá”.
Estavam marido e mulher desempregados com alguns anos de rua, começou com doze anos “diga lá se eu gosto de casa”, completa com um sorriso caloroso. “Vamos lá começar o filme”, sabia que era fundamental a ajuda e orientação de Helena Magno durante a realização, fazendo a previsão para a conclusão durante os anos seguintes.
Era um projecto arrojado apesar da colaboração da Junta de Freguesia de Novelas, por isso com o decorrer das filmagens, após ter sido no ano anterior feito Casting, com o decorrer do tempo elaborado textos, sentiu-se necessidade pedir apoio.



A candidatura servia para informar, detalhadamente dos trabalhos e do projecto em curso levados a efeito por esse grupo de amadores que apoiava os Jovens e que se encontravam a frequentar o ensino em Novelas e freguesias vizinhas, para desenvolver a cultura e fazendo a sua ocupação em tempos livres, durante o período das férias escolares.
O Secretaria-geral do Ministério da Cultura, e Secretaria-geral do Ministério da Educação, apesar de bem elaborada a candidatura, recusava por falta de meios apesar de em 21 de Maio de 2006 termos sido objecto de notícia na envolvente a NOVELAS e ao concelho de PENAFIEL, nos jornais e rádios locais como Rádio Felgueiras 92.2 FM Domingo no programa de Daniel Pereira “ Estação de Serviço”, na Rádio 93.3 F.M sábado 20 de Maio das 15 ás 17 H no programa Clube Infanto – Juvenil de José Gomes, fomos também notícia na Rádio Marcoense pelas mãos de Orlando Pinto “ Mokinhas” fomos notícia na Rádio jornal e também em Penafiel na Rádio Clube de Penafiel no noticiário de 23/05/06 às 12H e às 18.00 H, os Jornais também nos divulgaram e nos apoiaram no Jornal T.V. Sousa, e o Jornal 3 de Março Penafiel, levando o nome de uma freguesia de Novelas a todos quantos nos ouviram e leram em vários pontos do país, uma freguesia já de si de grande prestígio pertencente ao concelho de Penafiel, NOVELAS “terra de glória”.



Foram seleccionados dois Telefilmes, o primeiro e o terceiro, deram assim possibilidades ao andamento de dois projectos “filmes”, que nos propusemos a cumprir e que são objectos de guiões elaborados com muita originalidade sensibilidade e pesquisa no sentido de não melindrar, mas que chegou a criar alguma emoção.
Neste DVD poderá ver as qualidades dos actores, que se propuseram a participar e como bem interpretaram, foram criativos, e sobretudo como muito bem souberam mostrar o seu valor.


Novelas 19 de Julho de 2004





domingo, 22 de agosto de 2004

DVD - 3 ARQUIVO MUNICIPAL.

NOVELAS NOS JORNAIS NO SÉCULO XIX


Reinaldo Meireles 2004

 Joaquim Pinto Mendes, faz uma apresentação do que encontrou acerca da freguesia e confirmou que Novelas, tem uma história milenar.
 Esta foi uma terra que o viu nascer, e só por isso sente uma enorme alegria de viver, e do seu interesse histórico pela freguesia de Novelas.
 Uma freguesia muito grande em cultura e associativismo, é mágica e não é necessário perder-se tempo com pequenas coisas medíocres e sem importância, para caracterizar os objectivos, que fizeram e fazem com que seja um terra de cultura uma terra de glória uma terra de vencedores.


Pesquisou exaustivamente no Arquivo Municipal e Museu Municipal, na Biblioteca Municipal e na Torre do Tombo e encontrou jornais que retratavam a freguesia de Novelas.
Por volta do  ano de 1750 em Novelas registavam-se 100 fogos e 310 habitantes, uma povoação que se dedicava não só á arte do cultivo do linho, associada à lavoura como a outras hoje quase extintas entre elas, tanoeiro, ferreiro, tecedeira e sapateiro que serviam a freguesia e populações vizinhas.
No entanto já ultimamente, a comarca de Penafiel vinha a integrar a freguesia de Novelas e registava pela primeira vez, históricos contributos da população.
Os residente das Quintas de Bujanda, Poços, Pinheiro, Penedos e Monte, alguns oriundos de casas senhoriais já existentes outros filhos de criados de servir acomodaram-se como colaboradores nas fainas agrícolas, e no cultivo do linho era predominante nas lides dos campos.
Por cá retratavam-se as primeiras notícias da freguesia de Novelas, os primeiros acontecimentos, os primeiros nascimentos numa terra que era caracterizada pelo sector económico primário de origem rural e agrícola e assim e continuou a ser durante algumas décadas.

Praticava-se uma agricultura em regime de auto-subsistência, e apesar de este sector ter desempenhado o papel mais importante no desenvolvimento económico local, aproveitado pelos solos férteis nas margens do rio Sousa, a agricultura no entanto mesmo assim não registou, investimentos nos últimos anos.
Distando da vizinha Sede do Concelho de Penafiel, e com aproximadamente três quilómetros pela parte noroeste, Novelas foi se desenvolvendo e delimitando o seu espaço, confinando a nascente com as freguesias de Penafiel e Bustelo; a norte a de Lodares, do concelho de Lousada; a poente a de Bitarães, do concelho de Paredes; e a sul a freguesia de Santiago de Sub-Arrifana.
   A fixação da população acabaria por se localizar em maior número nas envolventes ao Rio Sousa, primeiro no lugar Alto da Ponte, Arcozelo de Além, Arcozelo de Aquém, Melote, Monte, Outeiro de Velhas, Ponte e mais tarde com o aparecimento da via-férrea se justificava também a fixação dos primeiros residentes nos lugares de Estação, Chaves, Covas, Covilhô, Jugueiro, Pinheiro, Ranha, Serrado, Tojinho e Campo.
Os jornais no século XIX e especialmente os tablóides da yellow press que começaram a aparecer em grande número a partir de 1870 – alcançaram tiragens incríveis e as artes do sector primário ainda sobreviveram durante várias épocas até 1875, resistindo até á chegada do comboio a vapor e começaram a aparecer os primeiros voluntários para ingressar como ajudantes na construção da via-férrea.


Novelas 22 de Agosto de 2004
    



segunda-feira, 19 de julho de 2004

DVD - 5 "RABANADAS DE NATAL".

O CONCERTO DE NATAL NA SANTA CASA!



O dia 12 de Dezembro de 2004 foi assinalado com um concerto dos “Rabanadas” que decorreu no auditório da Santa Casa da Misericórdia em Penafiel.
Como tudo na vida há coisas boas, e a época Natalícia não foge á regra, e felizmente ainda é composta pelo verdadeiro sentido da palavra “NATAL“.
Nessa face “para os Rabanadas, o Natal não é só nos dias próximos ao 25 de Dezembro, mas sim durante os 364 dias do ano onde este grupo de Novelas contam já com várias actuações notáveis e habitual participação em eventos.

Dirigido desde a sua origem por José Monteiro, este foi o primeiro projecto avançado por sua iniciativa que promete muito mais e no seu percurso musical, com anos de trabalho a fio. Soube muito bem gerir e agarrar a juventude desviando-os de caminhos sinuosos que a vida mais facilmente poderia oferecer á juventude.
Foi um sábado reservado para apresentação do Concerto Musical do “RABANADAS” que aproveitaram para presentear os idosos da Santa Casa da Misericórdia de Penafiel e cerca de meia centena de pessoas, que reuniu a Vereadora Dr.ª. Fátima e figuras daquela Instituição, proporcionando uma apresentação especial.



  O concerto de Natal de 2004 ficará registado como um concerto surpreendente uma vez que o orientador José Monteiro, não se cansou de agradecer e reconhecer os jovens que sempre estiveram á altura das suas melodias, recebendo como retribuição dos presentes calorosas salvas de palmas.
Foi também feita uma chamada de atenção, para a solidariedade nesta quadra natalícia a todas as pessoas, quantas vezes esbanjamos dinheiro em excesso, sem nunca nos lembrarmos daqueles que nem um pão tem para comer nessa noite.
Mensagens natalícias que pessoalmente me fizeram sentir sensibilizado.
Penso que cada pessoa deveria colocar a mão na sua consciência e meditar “Quantas vezes ajudamos quem mais precisa de nós? 
 


O talento e a capacidade de trabalho deste grupo, com a apresentação de um repertório em que as letras dos temas tradicionais alusivos ao Natal, chamam a atenção para esta quadra Natalícia, ficará certamente marcado neste auditório com as várias interpretações deste grupo.
Pessoalmente gostei e não me canso de dar a conhecer ao concelho de Penafiel as suas lindas melodias e o percurso feito por estes jovens cantores.
Obrigado.

Novelas 18 de Dezembro de 2004






domingo, 25 de abril de 2004

POBRES DE PENAFIEL NO SÉCULO PASSADO!

 A POBREZA!

 O mendigo pede esmola ou usa "uniforme" para pedir.
 
Umas caras esguias, com idade avançada pediam uns trocados em tardes de sol, de porta em porta pelas aldeias. 
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Paravam junto ao portão de entrada lamentando-se da vida, puxavam o assunto, contavam as dificuldades, e pediam que lhe dessem alguma coisinha. Terminavam: “Deus o favoreça pelas alminhas que Deus lá tem”. Contavam histórias da vida, que cresceram órfãos e sempre “primeiro Jesus, depois o dinheiro. 
 

 
Outros havia que atrás de dinheiro fácil, se fantasiavam com uma roupa surrada ou então vestiam terno e gravata para impressionar.
Vale fazer cara de pelo amor de Deus com criança no colo, cantarolar, ou até usar cadeira de rodas mesmo sendo capaz de andar.
"Uma ajudinha para comer. Deus te abençoe", agradece. 
 
Com passos curtos, mão estendida e feição de desamparada, é raro não ser atendido.
O pedinte não culpa a paralisia nas pernas por não ter tido um emprego formal. "Na verdade, o problema é a falta de instrução."
"Sete anos desempregado. Peço uma ajuda. Agradeço!" 

 
 
  A mensagem na placa amarela que o senhor de barba branca carregava no pescoço enquanto caminha, mostrava mesmo ser pobre.
 
 Eram pobres que percorriam as aldeias, ficavam muito tempo em albergues e uns saíam, pois não podiam tomar uma bebida alcoólica nesses abrigos. 
 
 Esses apontavam para a garrafa e respondiam: “Só pinga” e ainda havia que diziam “Embora eu vou só quando morrer!”, e continuavam a pedir umas moedas.
Todos tinham um sonho, o de terem uma casa.
 

Mas a verdade é que a maioria acha que não só os pobres vão ser pedintes nos próximos tempos que vamos atravessar.
O país e uma grande parte da sociedade, pensa que actualmente vai ter que virar pedinte e Portugal vai também ter de pedir. 
 
Vamos então participar, em acções ou campanhas de solidariedade para com aqueles que sofrem as maiores dificuldades económicas, caso contrário todos teremos a perder e mais tarde ou mais cedo poderemos virar pobres indigentes como nos anos cinquenta.

Novelas 03 de Janeiro de 2004





sábado, 6 de março de 2004

DVD - 4 "GENTE DE OUTROS TEMPOS.".

PENAFIEL ANOS 50!


   Os anos 50 foram marcados por grandes avanços científicos, tecnológicos, mudanças culturais e comportamentais. Foi a década em que começaram as transmissões de televisão, provocando uma grande mudança nos meios de comunicação. Terminavam anos de guerra e do racionamento. A mulher dos anos 50 tornou-se mais feminina, metros e metros de tecido eram gastos para confeccionar um vestido, bem amplo e na altura dos tornozelos. No entanto, nem todos podiam gozar desse privilégio, nas aldeias e cidades afastadas dos grandes centros viviam-se grandes dificuldades Neste contexto faz-se então a narrativa. Construída através das pequenas e grandes viagens de múltiplas pessoas e suas inusitadas e criativas relações entre tempo e espaço, um olhar desprendido, mas não isento de intenção, que coloca em primeiro lugar a profissão, deixa que a lógica das quantias e quantidades ou a mensuração de índices económicos não sejam os determinantes, mas que venham acompanhar um certo modo de ver e contar a história de um povo e de uma terra.Trajectos quotidianamente planeados e executados definem maneiras de acordar, arrumar cestos, inventar pregões.
 
    Mas, afinal, quem são eles?
    Os “vendedores ambulantes” impõem uma leitura diferenciada. A condição de passagem sugerem um lugar incerto, nem sempre fácil de ser apreendido e compreendido; mas é esse ir e vir que lhes fixa a imagem e lhes define a identidade.
   Se toda profissão exige regularidade, a deles é preparar-se para imprevistos de toda sorte e ao longo da história, misturam-se as famílias que se deslocavam de uma freguesia à outra. 
   Associavam-se facilmente, e com bastante pertinência, a imagens dos nómadas e migrantes. Em maior ou menor grau, contribuem para a expressão espacial de modos de viver e também de morrer, já que a maioria desse contingente humano dedica-se a uma actividade sujeita a grandes riscos.



    Quem é pobre, a pouco se apega e o galinheiro era nos anos 50, uma profissão nobre.

   No entanto nem um qualquer criava galinhas para vender. Mas o galinheiro usava essa profissão para ganhar dinheiro.



“Olha a galinha!”.



    Em meio a grupos e populações com forte tradição de nomadismo, localizam-se ambulantes como a sardinheira. Havia a mais diversidade de ambulantes que exigiam cautela no emprego, da categoria de forma satisfatória há muita descontinuidade, nas diferentes trajectórias.
    As excedentes de mão-de-obra do campo chegam na cidade, onde exerciam trabalhos manuais não especializados e muitos tentavam novas profissões.
Os pregoeiros constituíam uma categoria especial, pela maneira quase poética de anunciar os produtos. Faziam do comércio de rua uma fonte de renda e nada como criar um atractivo a mais, com frases típicas e versos para ajudar na venda.
    Passavam, num passo cadenciado, procurando distribuir melhor o peso, cantando o seu pregão:

“Sardinha chegada agora.... tá fresquinha... olha que beleza, não quer comprar, freguesa...”.




Eram profissões que envolviam deslocamento permanente, retiravam de quem as exercia uma identidade adequada a padrões, valorizados pelos mais abastados.
    O moleiro, era um profissional especializado que tinha uma grande importância na vida e na economia, das sociedades tradicionais rurais e urbanas, era também uma personagem característica nas aldeias, acompanhava a pé o burro que carregava farinha, proveniente dos moinhos.
    Existiam algumas considerações sociais de valor negativo em relação ao seu ofício, cuja relevância se manteve acentuada enquanto os moinhos foram o meio preferencial de produção da farinha necessária ao fabrico do pão, que então era a base da dieta alimentar das referidas sociedades.
Apesar de necessitarem de um caudal de água para o seu funcionamento, por uma multiplicidade de factores naturais sociais e económicos, na moagem em moinhos junto aos rios era frequente situações anómalas, que se prendiam com Invernos rigorosos deixando famílias sem farinha para cozer o pão.
      A existência de inúmeros cursos de água com um acentuado desnível e sujeitos a cheias, assim como o facto de em muitas regiões do país, os moinhos serem colectivos ou de proprietários que cediam aos seus vizinhos o direito de moer mediante o pagamento de uma percentagem em farinha, fez com que esta profissão perdura-se. No entanto, isso em nada favoreceu a introdução de melhoramentos mecânicos com vista ao aumento de produção.





Deus te salve, se não fosse pelas contas que tenho a dar, nem um saco ao dono havia de mandar.


     Um trabalho característico nas aldeias eram o trabalho de Tanoeiro. Os instrumentos de trabalho dos tanoeiros são a enxó a raspadeira, além do banco, utensílio essenciais para que se pudesse tornear a madeira dando-lhe a forma de aduela.
    Para emborcar a madeira que vai constituir o barril, ela era primeiramente aquecida no fogo durante pelo menos uma hora, depois uma vez aquecida, ela não se partia e permitia a aplicação de arcos metálicos para a manter bem apertada.
  Utilizando-se de todo esse conhecimento a respeito do vinho, após anos de experimentos, passando por carros de bois, carregados para diversos lugares inúmeras vezes, serviu desta forma para correcções que se prendiam com a reparação.
  Hoje em dia os processos de transporte, engarrafamento, rolhagem e rotulagem das garrafas estão modernizado e levaram á extinção da profissão. O tanoeiro hoje limita-se artesanalmente à reparação de recipientes e construção de barris decorativos, e em nada se compara com a sua verdadeira profissão.


Se queres bom vinho arrolha bem o barril.




   Quem nunca precisou tirar uma foto 3x4 urgente e procurou em alguma praça ou jardim público, um fotógrafo popular operando uma máquina mágica parecida com um velho caixote? Pode causar estranheza, mas tem sua razão de ser.
  Talvez as novas gerações das grandes cidades não conheçam o trabalho, do seu poderoso engenho, que sintetiza numa única peça as funções de câmara e laboratório solar.
   Mas a origem, histórica e papel social do profissional, é desconhecida por muita gente.
  Para evitar que a chapa com emulsão ficasse voltada para o fundo do chassis, provocando assim a perda do foco, e em consequência de nitidez, molhava-se a ponta do indicador e do polegar com saliva.
  A pressão dos dois dedos sobre um dos cantos do material sensível, evitava manchas. O lado da emulsão dava leve impressão de "colagem" no dedo.
   O bom desempenho profissional dependia de vários factores. Primeiro, a luz.
   O melhor dia era o dia de sol, e encontrar um desses fotógrafos na praça era indicação de bom tempo.
  Desde o início, a sua produção desvalorizada por estúdios fotográficos, garantiam qualidade técnica e pretensão artística.
  Ficou então tão dispersa e esquecida, que ainda hoje é difícil reunir uma colecção que esgote o universo intuitivo e criador do fotógrafo de jardim.


Para ser bom retratista é preciso ficar de olho nas nuvens.


Barbeiro é uma profissão que se entrelaça em suas origens, alimentando por muito tempo o imaginário popular.
  Almanaques mineiros discriminavam aqueles que eram apenas barbeiros e os que acumulavam as funções de barbeiro e cabeleireiro.
   Mas o trabalho não englobava só as habilidades de fazer a barba.
  Aos barbeiros, acrescia ao fato de saírem das camadas pobres da sociedade e a demanda pelo serviço dependia também da moda.
  Sobre o material de trabalho, consta que tradicionalmente utilizavam bacia de latão modelada de forma a se adaptar ao pescoço, o próprio dedo ou uma noz por dentro da boca do cliente, para melhor escanhoar. Era a barba de caroço ou barba de dedo.
  O barbeiro ambulante usava também o artifício de pedir ao freguês para fazer bochecha, facilitando, assim, o movimento da navalha.
  Com a navalha na mão, o barbeiro assinalava quão desagradável era ver um banco no meio da rua, com a cara entregue às mãos do outro que o ensaboa e barbeia, como se estivesse na sua loja.
  Por outro lado, confiar navalhas afiadas aos outros não deixava de ser arriscado. O instrumento de trabalho do barbeiro poderia transformar-se em arma.
Também corto cabelo. Espera só um bocadinho que eu vou aqui ao lado beber um copinho.


Queres uma tigela.




  O posto dos correios era no centro da cidade situado ao lado do Edifício da Câmara, hoje PT comunicações, um edifício com a fachada em redondo.
  Havia uma placa pendurada num poste perto da entrada com o cavalinho em fundo azul e “CTT” escrito a branco (Correios Telégrafos e Telefones...)
  Entrava-se para a sala onde funcionava o posto do correio. Tinha um balcão a todo o correr, uma parede coberta por um armário em madeira com os “cacifos” dos apartados particulares e dos lugares de distribuição da área, e a um lado da sala a secretária da encarregada e um cofre-forte.
  O posto dos Correios era dirigido por uma senhora, baixa, de ar frágil e uma cara oval, onde presidiam uns óculos arredondados, ancorados nos cabelos, amarrados num “puxo” atrás da cabeça, e que lhe davam um ar austero e um pouco severo...
  O correio chegava pelo primeiro comboio da manhã, á estação de Novelas num vagão especial, pintado de vermelho, dedicada aos CTT.
  Era distribuído em grandes sacos de lona cinzentos, com o carimbo dos correios imprimido a negro ou a vermelho no exterior, que eram transportados em diligência até ao centro da cidade.
  Os sacos tinham um cadeado, que era aberto com uma chave especial As pessoas conversavam, enquanto esperavam e alguns aproveitavam para fazer alguns cobres como engraxador aviando o freguês e a telegrafista aguardava o primeiro recado. Logo que chegava algum telegrama, o fazia chegar a quem de direito.


Telegrama, Telegrama.

sexta-feira, 5 de março de 2004

GENTE DE OUTROS TEMPOS ( CONTINUAÇÃO)


 O AZEITEIRO

   O carro de bois e a carroça de cavalos, eram ainda utilizados por alguns lavradores, pelos moleiros e pelo azeiteiro, mas sentia-se que o seu tempo passava.   Os tractores e os camiões começavam a aparecer no mercado, mas eram raros, e contavam-se pelos dedos de uma mão os proprietários desses veículos.
  Enquanto isso, o Azeiteiro profissão de comercialização, com um burro ou cavalo ainda que obedecendo a determinados prazos, era o meio de transporte mais comum utilizado por homens que comercializavam azeite.
   No comércio do azeite, bem como de uma maneira geral, no de todos os outros produtos alimentares, as mulheres desempenhavam um papel predominante.
  O intermediário era livre de comprar o azeite aos produtores e, depois, vende-lo.


Oh! Azeite doce, quem quer azeite doce.


   A par com o comércio tradicional de azeite viam-se também, os aguadeiros.
   Eram eles que comercializavam a água das fontes.
Iam de burro para a cidade vender a água dentro de bilhas, mas por vezes também levavam estas bilhas, a casa dos habitantes mais ricos.
  As fontes fecharam durante o Estado Novo, porque se dizia que as suas águas estavam contaminadas, e quando estas reabriram, algumas passaram a ser privadas. Assim, os aguadeiros foram perdendo a sua importância.
  Os famosos aguadeiros, na sua maioria, andavam pelas ruas nas feiras, carregavam barris de água que vendiam a quem passava. Mais tarde viam-se a apregoar água doce, uma forma de rentabilizar a profissão que estava em vias de extinção.



Ela é da bica! Ela é fresquinha.


  Uma pessoa tradicionalmente homem que entrega leite em garrafas de leite ou em vasilhas de latão chamava-se Leiteiro. A entrega de leite era frequente
  Ocorria de manhã e não éra raro, eles entregarem outros tipos de produtos além do leite, como: ovos e creme, queijo, refrigerante e iogurte ou manteiga.
  O termo "leiteiro" era usado para referir o homem ou mulher que exercia esta profissão.



Oh! Freguesa lá do primeiro, venha à vaquinha, cá está o leiteiro.


  Era raro ver uma mulher de bicicleta. Como era uma compra importante nesses tempos, a bicicleta era tratada com carinho e amor, e era comum ver as pessoas aos domingos e dias santos a lava-las e oleá-las e a porem-nas a brilhar.
  A bicicleta dava mais autonomia à gente trabalhadora pois permitia-lhes deslocarem-se para distâncias maiores sem depender dos transportes públicos, controlando o seu horário.
  Nos estádios de futebol era comum existirem arrumadores, garantindo a sua segurança enquanto assistiam ao desafio.



Nem pense nisso ninguém mexe, eu garanto um bom serviço.

  E logo no início de Outubro se começavam a vender, nos centros e também junto aos estádios onde se juntava muita gente
   Para deixar as castanhas tão vistosas está o lume, feito com um carvão mineral.
O passe de magia, deixa a casca da castanha como que pintada de um branco suave, o que atrai os clientes.
  Ao longo dos anos têm sentido as mudanças impostas pelo tempo, já não se usam os jornais para fazer os cones, porque é proibido, mas o formato característico mantém-se.
  Agora com papel sem tinta conforme manda a lei. As castanhas querem lume brando.
Se assar castanhas tem os seus segredos, também saber escolher o melhor fruto para vender pelas ruas da cidade tem a sua sabedoria. Na verdade o cheiro não deixa margem para dúvida, o Outono já chegou.


Quentes e boas... oh freguês é croa a dúzia.


  De freguesia em freguesia, de rua em rua, percorrendo os recantos mais distantes do concelho, carregavam os produtos, á mão ou numa carroça.
  O nome "pregoeiro", originário de apregoar, alardear, anunciar, provavelmente saiu das páginas de livros de literatura. Pois quem exerce a função se considera simplesmente “vendedor ambulante”.
  Eram gente de outros tempos!


Novelas 22 de Fevereiro de 2004