sexta-feira, 5 de março de 2004

GENTE DE OUTROS TEMPOS ( CONTINUAÇÃO)


 O AZEITEIRO

   O carro de bois e a carroça de cavalos, eram ainda utilizados por alguns lavradores, pelos moleiros e pelo azeiteiro, mas sentia-se que o seu tempo passava.   Os tractores e os camiões começavam a aparecer no mercado, mas eram raros, e contavam-se pelos dedos de uma mão os proprietários desses veículos.
  Enquanto isso, o Azeiteiro profissão de comercialização, com um burro ou cavalo ainda que obedecendo a determinados prazos, era o meio de transporte mais comum utilizado por homens que comercializavam azeite.
   No comércio do azeite, bem como de uma maneira geral, no de todos os outros produtos alimentares, as mulheres desempenhavam um papel predominante.
  O intermediário era livre de comprar o azeite aos produtores e, depois, vende-lo.


Oh! Azeite doce, quem quer azeite doce.


   A par com o comércio tradicional de azeite viam-se também, os aguadeiros.
   Eram eles que comercializavam a água das fontes.
Iam de burro para a cidade vender a água dentro de bilhas, mas por vezes também levavam estas bilhas, a casa dos habitantes mais ricos.
  As fontes fecharam durante o Estado Novo, porque se dizia que as suas águas estavam contaminadas, e quando estas reabriram, algumas passaram a ser privadas. Assim, os aguadeiros foram perdendo a sua importância.
  Os famosos aguadeiros, na sua maioria, andavam pelas ruas nas feiras, carregavam barris de água que vendiam a quem passava. Mais tarde viam-se a apregoar água doce, uma forma de rentabilizar a profissão que estava em vias de extinção.



Ela é da bica! Ela é fresquinha.


  Uma pessoa tradicionalmente homem que entrega leite em garrafas de leite ou em vasilhas de latão chamava-se Leiteiro. A entrega de leite era frequente
  Ocorria de manhã e não éra raro, eles entregarem outros tipos de produtos além do leite, como: ovos e creme, queijo, refrigerante e iogurte ou manteiga.
  O termo "leiteiro" era usado para referir o homem ou mulher que exercia esta profissão.



Oh! Freguesa lá do primeiro, venha à vaquinha, cá está o leiteiro.


  Era raro ver uma mulher de bicicleta. Como era uma compra importante nesses tempos, a bicicleta era tratada com carinho e amor, e era comum ver as pessoas aos domingos e dias santos a lava-las e oleá-las e a porem-nas a brilhar.
  A bicicleta dava mais autonomia à gente trabalhadora pois permitia-lhes deslocarem-se para distâncias maiores sem depender dos transportes públicos, controlando o seu horário.
  Nos estádios de futebol era comum existirem arrumadores, garantindo a sua segurança enquanto assistiam ao desafio.



Nem pense nisso ninguém mexe, eu garanto um bom serviço.

  E logo no início de Outubro se começavam a vender, nos centros e também junto aos estádios onde se juntava muita gente
   Para deixar as castanhas tão vistosas está o lume, feito com um carvão mineral.
O passe de magia, deixa a casca da castanha como que pintada de um branco suave, o que atrai os clientes.
  Ao longo dos anos têm sentido as mudanças impostas pelo tempo, já não se usam os jornais para fazer os cones, porque é proibido, mas o formato característico mantém-se.
  Agora com papel sem tinta conforme manda a lei. As castanhas querem lume brando.
Se assar castanhas tem os seus segredos, também saber escolher o melhor fruto para vender pelas ruas da cidade tem a sua sabedoria. Na verdade o cheiro não deixa margem para dúvida, o Outono já chegou.


Quentes e boas... oh freguês é croa a dúzia.


  De freguesia em freguesia, de rua em rua, percorrendo os recantos mais distantes do concelho, carregavam os produtos, á mão ou numa carroça.
  O nome "pregoeiro", originário de apregoar, alardear, anunciar, provavelmente saiu das páginas de livros de literatura. Pois quem exerce a função se considera simplesmente “vendedor ambulante”.
  Eram gente de outros tempos!


Novelas 22 de Fevereiro de 2004